sexta-feira, 20 de maio de 2011

Presença humana dizimou espécie de caranguejo exclusiva do Havaí

          
             Antes da presença humana, o arquipélago do Havaí era a terra-natal de caranguejos exclusivos, tão grandes quanto um punho humano e capazes de percorrer grandes distâncias. Agora, cientistas descobriram que essa espécie característica do lugar foi aniquilada pelos primeiros colonos humanos, cerca de mil anos atrás.
            Eles levaram para as ilhas animais como porcos e ratos, com o objetivo de matar todos os caranguejos. Os pesquisadores descrevem este como o primeiro exemplo documentado da extinção de um caranguejo na era humana.
“Eles já tinham desaparecido das ilhas no momento em que os europeus chegaram lá”, explica Gustav Paulay, curador do Museu de História Natural da Flórida em Gainesville, EUA.
            Os fósseis foram encontrados em altitudes de mil metros – fato muito incomum para um caranguejo. Em artigo publicado no periódico “PLoS One”, os pesquisadores dizem ter identificado a espécie extinta comparando-a com parentes vivos em outras ilhas do Pacífico.
“Nós utilizamos a técnica das sequências estratigráficas [camadas de rocha], normalmente empregada para estudar extinção de pássaros, e conseguimos datar a extinção: pouco tempo depois que os colonizadores polinésios chegaram”, conta Paulay.
            Caranguejos parecem especialmente vulneráveis ​​ao contato com animais introduzidos em um novo ambiente pelos humanos. Há casos documentados em ilhas de outras localidades onde os caranguejos também sofreram com a chegada de ratos.
            O povoamento das ilhas havaianas trouxe grandes mudanças para a ecologia. Muitas espécies nativas, incluindo aves e anfíbios, foram rapidamente extintas. O mesmo destino parece ter tido esses caranguejos, que os cientistas chamaram de Geograpsus severnsi.
“Ao observar a geografia das ilhas do Pacífico, percebe-se que as coisas não chegam lá com facilidade. A terra e os animais são escassos – e os maiores deles são muitas vezes os caranguejos”, aponta Paulay. “Eles controlavam os ecossistemas dos atóis de uma forma incrível”.
“Essa espécie em particular foi importante como um predador e como onívoro – ele provavelmente causou um grande impacto sobre a população de insetos, caracóis terrestres, e talvez também sobre as aves locais”, diz.
            Os fósseis foram encontrados em vários locais ao redor das ilhas havaianas, incluindo cavernas em altitudes bastante incomuns para o caranguejo, e a vários quilômetros da costa.
            Muitos caranguejos não podem viver em tais condições, pois têm que imergir regularmente em água salgada. Porém, os G. severnsi parecem ter adquirido a capacidade de andar mais longe da água do que a maioria, incluindo as espécies similares encontradas em outras ilhas do Pacífico.

                                                                                                         Por: Cat Pinho

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