quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aves de Rapina



Aves de Rapina, o que são?
          
  As "aves de rapina" (termo "rapina" = raptar, aves que raptam) é um termo utilizado para  caracterizar as aves carnívoras diurnas e noturnas que apresentam garras e bicos fortes. Entretando esse grupo não forma um táxon monofilético, pois agrupam aves pertencentes a linhagens distintas.No geral, as aves de rapina são aves de hábitos predatórios, possuem bico curvo e afiado, garras afiadas e fortes, além de serem dotadas de uma excelente visão. As espécies noturnas (corujas) além da visão apurada, tem normalmente uma audição ótima, graças aos seus discos faciais, essas aves são capazes de localizar um roedor caminhando no solo na mais completa escuridão, se utilizando apenas de sua audição, além disso outra adaptação especial das corujas é seu vôo silencioso graças as penas especializadas que fazem não causar turburlência / rúidos enquanto voam.

Classificação:

            Pertencem ao grupo das "aves de rapina" as seguintes ordens: Accipitriformes (Águias e Gaviões), Falconiformes (Falcões e Caracarás) e os Strigiformes (Corujas). Os urubus do Novo Mundo (Cathartiformes) são muitas vezes inseridos entre as aves de rapina, mas existem estudos que mostram que este grupo é mais relacionados aos Ciconiformes, diferentes dos Abutres do Velho mundo, que são da ordem Accipitriformes (Sick, 1997), apesar disso, este site também aborda os urubus brasileiros, visto sua grande importância no meio ambiente, comportamento e morfologia parecida com as aves de rapina. O Brasil possui seis espécies de urubus (ordem Cathartiformes), 68 espécies de águias, gaviões e falcões (ordem Accipitriformes e Falconiformes) e 23 espécies de corujas (ordem Strigiformes) e, aliado aos outros países da região neotropical, concentra o maior número de espécies de rapinantes do mundo.

Dentre as aves de rapina brasileiras, podemos agrupá-las em 10 categorias:

Águias: São as espécies planadoras de grande porte da família accipitridae (táxons: Harpyhaliaetus coronatus; Buteo melanoleucus). De aparência robusta, esse grupo possui asas longas e amplas e caudas de tamanho médio No geral caçam em ambientes de vegetação aberta, sobrevoando um local até avistar a presa e atirando-se contra ela capturando-a com suas garras afiadas e fortes. A águia-chilena e a águia-cinzenta podem comer carniça ocasionalmente. Apesar de pertencer a família pandionidae, a águia-pescadora (Pandion haliaetus) é por vezes inserida neste grupo devido ao seu próprio nome popular e grande porte, esta é especializada na pesca.

Águias-florestais: Grupo dos accipitrideos estritamente florestais de médio a grande porte e todos são possuidores de penacho (gêneros: Spizaetus, Morphnus e Harpia). Também de aparência robusta, suas asas não são tão longas porém largas e caudas relativamente grande, aerodinâmica especializada em vôo ágil e boa manobridade na floresta.



Açores: São os accipitrideos pertencentes ao gênero Accipiter. São excelentes caçadores, tem asas curtas, pescoço pequeno e caudas longas, aerodinâmica adaptada à caça através de emboscadas em áreas florestadas e bosques. Grande maioria das espécies brasileiras é especializada na captura de aves, como é o caso do Accipiter bicolor e do Accipiter striatus.


 
Gaviões: São os accipitrideos de pequeno a médio porte pertencentes as subfamílias buteonine e sub-buteonine. O termo abrange uma grande variedade de espécies (gêneros: Geranospiza, Leucopternis, Buteogallus, Heterospizias, Busarellus, Parabuteo, Percnohierax, Rupornis, Buteo). No geral possuem asas longas e amplas, ideal para planar. Costumam forragear sobrevoando a area de caça ou aguardando a presa a partir de um poleiro.

Gaviões-milanos: Neste grupo esta os accipitrideos da subfamília milvíne, pernine e elanine (Gêneros: Leptodon, Chondrohierax, Elanoides, Gampsonyx, Elanus, Rostrhamus, Helicolestes, Harpagus, Ictinia). Grande parte tem comportamento sociável, algumas espécies como o gavião-peneira, gavião-tesoura e outros, costumam nidificar em colônias. Possuem asas largas e pernas mais fracas, muitas espécies são insetívoras ou caçam pequenos vertebrados.artaranhões: Neste grupo, encontra-se os accipitrideos do gênero Circus. Possuem asas e caudas longas e pernas finas. A maioria usa a combinação de sua visão aguçada e audição apurada para caçar pequenos vertebrados, deslizando sobre suas longas asas e circulando a baixa altura sobre pântanos e alagados.


Tartaranhões: Neste grupo, encontra-se os accipitrideos do gênero Circus. Possuem asas e caudas longas e pernas finas. A maioria usa a combinação de sua visão aguçada e audição apurada para caçar pequenos vertebrados, deslizando sobre suas longas asas e circulando a baixa altura sobre pântanos e alagados.

Caracaras: pertence a este grupo os falconídeos da subfamília caracanine (Gêneros: Caracara, Milvago, Daptrius e Ibycter). Ao contrário dos outros falconídeos, estes tem hábitos generalistas, alguns onívoros e não são caçadores aéreos, são lentos e muitas vezes consomem animais já mortos ou debilitados (há excessões).

Falcões: São todos os falconídeos pertencentes ao gênero Falco (incluindo o Spiziapterix). São pequenos e ágeis. Possuem asas longas, afiladas e cauda curta, aerodinâmica especializada a vôos de caça em alta velocidade e para execução de manobras em frações de segundo. É neste grupo que esta inserido o falcão peregrino, capaz de descer em vôo picado a velocidades que podem ultrapassar 250 km/h.


Falcões-florestais: São os falconídeos florestais do gênero Micrastur (incluindo o Hepertotheres). São endêmicos das Américas, encontrado do México, América Central e grande parte da América do Sul. A maioria são estritamente florestais (excessão ao Hepertotheres). Assim como os Açores, os falcões-florestais possuem asas curtas e caudas longas, aerodinâmica ideal para à caça em ambientes de floresta. Além disso, os Micrastus sp tem uma audição extraordinária, possuindo pequenos discos faciais semelhante aos das corujas. A maioria são dificeis de serem vistos, ja que raramente voa acima do dossel da mata, são mais ouvidos do que vistos.

Corujas: São todos os membros da Ordem dos Strigiformes, a maioria possuem hábitos noturnos, com incríveis adaptações utilizadas para caçar em condições de pouca ou nenhuma luminosidade, destacando-se sua excelente audição e sua visão especializada, além de sua plumagem especial que reduz a turbulência durante o vôo, possibilitando vôos extremamente silenciosos, de modo a não serem detectadas pelas suas presas. Diferentemente de boa parte das aves, a maioria das corujas não constrói ninhos, habitando buracos em árvores, tocos, edifícios e no solo, ou utilizando-se de ninhos de outras espécies. Neste grupo encontra-se as corujinhas-caburé (Glaucidium sp); as corujinhas-do-mato (Megascops sp); Mochos (Asio sp) e as Suindaras (Tyto alba).



                                                                                                              Por: Cat Pinho

domingo, 24 de abril de 2011

Hibridos: nascimento e fertilidade


         Quando duas espécies distintas se cruzam e desse cruzamento resulta um novo indivíduo, o processo chama-se hibridação e o novo ser é um hibrido. Ocorre hibridação na maioria dos seres vivos, são mais frequentes em plantas.
Um dos animais hibridos mais populares é a Mula, resultante do cruzamento entre um burro e uma égua, mas como esta existem muitos mais exemplos. Apesar da hibridação não ser um processo comum, também não é tão raro como antigamente se pensava. A própria fertilidade dos hibridos é possível, colocando de parte a ideia generalizada de que os hibridos são todos estéreis.
A fertilidade de um hibrido é determinada pelos seus cromossomas. O número de cromossomas é variável: o ser humano possui 46, o mosquito possui 3, o gato doméstico 38, o elefante 56, a carpa 104, etc.
Nos hibridos, o que acontece com maior frequência é o cruzamento entre espécies com número de cromossomas diferente. Pegando no exemplo anterior, os burros têm 62 cromossomas enquanto que os cavalos têm 64; os animais resultantes deste cruzamento (as mulas e os bardotos) têm 63 cromossomas - o cromossoma extra não vai ter um par homólogo, o processo da meiose não se dá e, sem células reprodutoras, o animal é estéril.
A hibridação não é, contudo, ocorrida sempre de forma natural. A maioria dos hibridos identificados foram criados em cativeiro, ainda que por diversas vezes de forma acidental. A criação propositada de hibridos em cativeiro é muito discutida, uma vez que pode ser considerada anti-ética.
Apesar de geralmente estéreis, já foram documentados 60 casos de mulas que engravidaram. Uma delas, em Portugal, levou mesmo a gravidez até ao fim. O parceiro foi um burro macho e o novo ser é bastante parecido com ele.
Conhecem-se hibridos de chacais com dingos, com cães domésticos e com lobos. O cruzamento com coyotes será possível mas nunca foi observado. São efectuados propositadamente cruzamentos entre chacais e Husky’s para obter hibridos com faro mais apurado, sendo utilizados para busca de bombas. 
Jaguares e leoas foram cruzadas em cativeiro para estudar o comportamento de um hibrido destas duas espécies. Existem relatos de jaglions na vida selvagem, mas ainda estão por provar, uma vez que as descrições também condizem com uma espécie de leão africano.
Nasceu em 1978, num Zoo, uma cria hibrida resultante do cruzamento entre um elefante africano e um asiático. Morreu 12 dias após o nascimento, com uma infecção umbilical. Existem rumores de nascimentos de mais elefantes hibridos, especialmente em circos, mas todos apresentavam deformações graves.
            Geralmente, novas espécies surgem quando uma espécie se divide em duas. Isto pode acontecer por diversos motivos, como por exemplo, um certo grupo dentro de uma espécie apresentar um comportamento diferente e se isolarem dos restantes, ou então a variabilidade genética dar origem a animais com uma pequena diferença de padrões e cores no corpo, que os torne mais atrativos sexualmente, ou mais eficazes contra predadores. Imaginando estes e outros fatores numa longa escala de tempo, na ordem dos milhares de anos, rapidamente nos apercebemos que a evolução acontece.
No entanto, os biólogos estão agora, no século XXI, a depararem-se mais do que nunca com processos que podem alterar radicalmente vários conceitos, incluindo o de espécie e o de evolução. Ainda que menos freqüente que os acontecimentos descritos no parágrafo anterior, a hibridação inter-específica teve um papel muito ativo na evolução dos seres vivos, e na verdade muitos animais que hoje damos como espécies podem ter sido resultado de cruzamentos e retro-cruzamentos que ocorreram no passado entre animais que poderão já não existir. Em vez de ser uma espécie a originar duas, são duas espécies a originar uma.





















quarta-feira, 20 de abril de 2011

Anemia Infecciosa Equina (AIE)

            Esta doença também conhecida como "febre dos pântanos", é produzida por um vírus. É mais freqüente em terrenos baixos e mal drenados ou em zonas úmidas muito florestadas.
            É uma doença infecto-contagiosa que acomete equídeos com evolução aguda ou, mais comumente, crônica onde ocorre destruição maciça de hemácias. Não é uma zoonose.
            Apresentam-se em várias formas clínicas, todas com importância e é disseminada em todo o mundo.
            Os estudos iniciais desta doença foram realizados na França em 1843; em 1859 foi constatado pelo pesquisador Anginiard o caráter contagioso da doença, sendo que a primeira demonstração de doença virótica foi feita em 1904/1907.
            No Brasil, a primeira descrição desta doença verificou-se em 1968, por Guerreiro e col.
            Os animais ficam suscetíveis à enfermidade quando têm resistência orgânica diminuída por um trabalho excessivo, calor intenso, alimentação inadequada e infestação por vermes.
            A doença tende a apresentar-se sob forma enzoótica em fazendas ou áreas, não havendo disseminação fácil e rápida, nunca se observando, segundo Scott, contágio de animal para animal.
            Graves perdas são causadas nas áreas endêmicas, podendo desaparecer a mortalidade com o passar do tempo.
            O vírus está presente no sangue, saliva, urina, leite, etc.
            Os surtos aparecem quando é introduzido na manada um animal infectado ou portador. Casos crônicos podem existir em qualquer época do ano e, são mais suscetíveis os animais desnutridos, débeis e parasitados.

ETIOLOGIA

            A AIE é causada por um RNA vírus da família retrovírus. O írus uma vez instalado no organismo do animal, nele permanece por toda a vida mesmo quando não apresentar manifestações clínicas.
            É bastante resistente, sobrevivendo por 30 a 60 minutos quando exposto à luz solar e por 15 minutos pelo menos quando fervido, sendo estável a baixas temperaturas, podendo ser estocado a –20ºC por longos períodos sem perder sua infectividade; os desinfetantes mais ativos contra ele são os solventes inorgânicos (éter e álcool, por exemplo).

TRANSMISSÃO

            É feita principalmente por vetores mecânicos (moscas, piolhos, carrapatos, morcegos mosquitos). Já foram também comprovadas as transmissões congênitas (placentária), pelo leite (aleitamento), pelo sêmen (acasalamento) e pelo soro-imune.
            As mucosas nasal e oral, intactas ou feridas, podem ser portas de entrada do vírus.
           O uso sem assepsia de material cirúrgico, por pessoas não-habilitadas, também aumenta a probabilidade da infestação. O animal, uma vez infectado, torna-se portadores permanente.

SINTOMAS

            Há uma forma aguda e outra crônica. Todavia o vírus pode estar presente no sangue do animal sem produzir qualquer sintoma.
A forma aguda é assim caracterizada:

a) Febre que chega a 40,6c;
 b) Respiração rápida;
c) Abatimento e cabeça baixa;
d) Debilidade nas patas, de modo que o peso do corpo é passado de um pé para outro;
e) Deslocamento dos pés posteriores para diante;
f) Inapetência e perde de peso.

            Se o animal não morre em três a cinco dias, a doença pode tornar-se crônica. Na forma crônica observa-se ataque com intervalos variáveis de dias, semanas ou meses. Quando o intervalo é curto, em geral a morte sobrevêm depois de algumas semanas.
            Com ataques há grande destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, o que resulta em anemia.
            A doença pode acometer equídeos (burros, zebra, etc.), de qualquer raça, sexo e idade. Tem como vetor, insetos hematófagos, porém, a transmissão pode ocorrer através de agulha usada. Todo proprietário deve fazer duas vezes por ano, exame eliminando os animais positivos e comunicar à Casa da Agricultura.
            Qualquer equídeo, para ser transportado precisa ter atestado de anemia eqüídeo infecciosa negativa.

Diagnóstico


             É feito por sorologia. O teste realizado é a IDAG (Imunodifusão em Ágar Gel).
            Que é um teste qualitativo; tem validade de 60 dias; identifica IgG precipitante e por isso é altamente específico; e é razoavelmente sensível.
            No quadrante superior esquerdo os soros testados são: positivo, fraco positivo e muito fraco positivo; no quadrante superior direito todos são positivos; no quadrante inferior esquerdo são negativos; e no quadrante inferior direito os soros apresentam reações inespecíficas, mais difícil de acontecer, mas são negativos pois as linhas se cruzam e não se encontram.

TRATAMENTO

            Ainda não é bem conhecido qualquer tratamento eficaz. Aumentar a resistência do animal, desintoxicar o fígado e fortalecer o coração, intensificar o metabolismo. Existem estudos recentes, mas por enquanto o animal que apresentar Teste de Coggins positivo deve ser sacrificado.

CONTROLE

a) Isolar os animais com sintomas suspeitos (fazer o Teste de Coggins);
b) Retestar periodicamente todos os animais;
c) Evitar a entrada na fazenda de animais vindos de zonas enzoóticas sem os testes negativos recentes de imunodifusão;
d) Drenar as zonas pantanosas e controlar os insetos transmissores;
e) Todo material usado nos animais (para cirurgia, tatuagem, injeções, abre-bocas etc) deve ser esterilizado por fervura por mais de 30 minutos;
f) A possibilidade de uma vacina é remota, pois muitas já foram experimentadas e até o momento nenhuma apresentou resultados satisfatórios.

PROFILAXIA

a) Deve-se realizar o teste sorológico sempre que se for transitar com os animais seja para levar a feiras ou exposições, ou ainda na compra;
b) Fazer a quarentena (até 60 dias) na compra de animais; 
c) Realizar a antissepsia dos ferimentos para que o vírus não se dissemine;
d) Desinfecção dos utensílios;
d) Combate aos insetos e manutenção de boas condições sanitárias;
e) Drenagem nos pastos alagados e fiscalização das aguadas e bebedouros, a fim de que os animais não bebam água estagnada;
f) Uso de agulhas hipodérmicas e instrumentos cirúrgicos só depois de bem esterilizados e
g) sacrifício dos positivos.



                                                                                                                   Cat Pinho

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cólica em Equinos

            O termo cólica é utilizado para englobar todas as crises de dor abdominal.
            Essa síndrome é descrita como sendo causadora da morte de muitos eqüinos ao longo da história. As pesquisas iniciais sobre a cólica baseavam -se somente em achados de necrópsia ou na resposta ao tratamento utilizado.

                       A cólica eqüina é identificada como uma síndrome complexa e seu reconhecimento precoce e diferenciação apurada é muito importante para estabelecer a abordagem adequada.
            Determinar a necessidade de cirurgia em cavalos com cólica geralmente é uma emergência, e varia com a individualidade de cada caso. O exame completo do animal deve ser feito antes da indicação à cirurgia, visto que, avaliando os dados individualmente, pode-se chegar a um diagnóstico errado.

São divididas em cólicas primárias e secundárias, de acordo com sua origem:

            Cólica Primária ou verdadeira: quando é oriunda da distensão do estômago ou do intestino. Pode ainda ser estática, no caso de acúmulo de alimento, gás ou líquido, ou transitória, quando houver uma distensão periódica local, proveniente de um espasmo e aumento dos movimentos peristálticos do intestino. Os acúmulos estáticos são classificados como cólicas físicas, enquanto que as distensões transitórias são classificadas como cólicas funcionais.

            Cólica Secundária ou falsa: quando a causa da cólica provém de afecções do peritônio, baço, rins, intoxicações alimentares e outros órgãos internos.
            Devido ao reduzido tamanho do estômago do cavalo, na maior parte das vezes, a origem da cólica está em uma alimentação errônea, como, alimentação má distribuída, alimentos muito triturados, alimentação antes da realização de trabalhos, ração desbalanceada.

Os tipos de cólicas que mais afetam os equinos são:

            Cólica de impacto: quando há uma obstrução, geralmente no intestino grosso, por uma sobrecarga de alimento fibroso não-digerível.

            Cólica por gases: ocorre mais frequentemente no intestino grosso, devido ao estiramento do intestino, que leva à dor abdominal.

            Cólica espamódica: quando há exacerbada contração peristáltica no sistema gastrointestinal dos equinos, devido à um acúmulo de gás dentro do aparelho digestivo destes animais.

            Cólica causada por parasitas: quando há uma obstrução devido à um grande número de parasitas, como o Parascaris equorum.

            Colite: quando há inflamação do intestino grosso.

            Deslocamento ou torção gástrica: quando o intestino localiza-se em uma posição anormal do abdômen, podendo muitas vezes torcer, isto recebe o nome de vólvulo.

            Identificar os sinais da cólica é um dos principais problemas que um dono de cavalo pode ter. Os sinais podem variar de cavalo para cavalo e podem depender da severidade da dor.
           Os sinais clínicos mais evidentes são uma evidente inquietação do animal, que passa a realizar movimentos de raspar o chão, sapatear, escoicear o ventre ou por deitar e levantar frequentemente. Passa a olhar o flanco, rolar no chão, deitar de costas, passando a sentar de forma semelhante ao cão por um longo período de tempo. Adota uma postura anormal, que recebe o nome de “cavalo pensador”. Em casos de animais castrados, eles passam a expor o pênis sem urinar; urinam mais frequentemente e em pequenas quantidades; bate continuamente na água sem bebê-la.
          Na fase inicial a dor é intermitente, podendo durar cerca de 10 minutos, com intervalos de relaxamento. Nos casos mais graves a dor é sempre contínua e pode ocorrer a adição de sinais de choque, sudorese abundante, respiração ofegante e movimentos involuntários.
            De acordo com a atitude do animal, há a possibilidade da dedução do local da dor. Quando o animal adota a posição de “cavalo pensador” (membros posteriores afastados), pode indicar sobrecarga do cólon; deitar com os membros para cima indica a necessidade de aliviar a dor no mesentério. Se houver distensão de abdômen (o que não é comum em cólica equina), provavelmente há uma distensão do ceco ou cólon causada pela presença de gás; vômito e regurgitação pelas narinas de conteúdo intestinal é um sinal grave que sugere distensão gástrica. É comum observar um aumento da frequência respiratória, já uma dispnéia em forma de soluço aparece nas fases finais, quando o choque e a desidratação atingem seu pico máximo. A defecação pode ser observada, mas é de difícil interpretação, pois antes de obstrução o animal ainda pode ter fezes no reto e pode eliminá-las várias vezes antes de observas-se o sintoma mais comum, que é reto vazio com mucosa aderida.

           
           
Entretanto, os sinais mais comuns são:

• Virar a cabeça na direção do flanco.
• Bater das patas.
• Chutes ou mordidas na altura do abdome.
• Animal se posiciona para urinar, mas não o faz.
• Animal se levanta e deita repetidamente.
• Animal rola violentamente.
• Animal senta como se fosse cachorro ou deita sobre as costas.
• Falta de apetite (anorexia).
• Baixar da cabeça para beber água sem fazê-lo.
• Ausência de movimento visceral tendo como evidência o baixo número de montes de estrume
• Ausência ou redução de sons digestivos.
• Suadeira
• Respiração ofegante e/ou narinas queimadas
• Batimento cardíaco elevado (Acima de 52 batimentos por minuto)
• Depressão
• Enrolar dos lábios (reação Flehmen)
• Extremidades frias

            É muito importante que seja feito um diagnóstico precoce, quando as fezes ainda estão sendo eliminadas, quando há a presença dos ruídos intestinais e quando há um sintoma retal positivo. As alterações na frequência cardíaca e outros sintomas cardiovasculares devem ser avaliados de hora em hora.
           

           O tratamento desta afecção depende da natureza e sede da lesão. O objetivo do tratamento é eliminar a causa e aliviar a dor. É importante que o médico veterinário saiba indicar qual tratamento é recomendado para cada caso, se médico ou cirúrgico. Na grande maioria dos casos, as cólicas são resolvidas com tratamentos médicos adequados.
            A prevenção é feita com um manejo adequado, especialmente no bom cuidado com os dentes, no fornecimento de alimentos que possam ser digeridos pelo intestino do equino e no controle de parasitas intestinais.





                                                                                                        Cat Pinho

Garrotilho

                        Garrotilho, ou adenite eqüina, é uma enfermidade infecciosa aguda ou subaguda dos eqüídeos. Sob o ponto de vista anatomopatológico, caracteriza-se por inflamação mucopurulenta das vias aéreas superiores, associada a linfadenite abscedativa, particularmente dos linfonodos submandibulares e retrofaríngeos.
            Trata-se de uma das primeiras doenças de eqüinos a serem descritas na literatura científica mundial, segundo Todd (1910). A importância militar do cavalo, bem como o seu papel no transporte, na agricultura e no lazer, despertaram o interesse dos pesquisadores no estudo e tratamento do garrotilho desde o início do século XIX.
            A enfermidade tem distribuição mundial, sendo causada pelo Streptococcus equi, subespécie equi (S. equi), bactéria gram-positiva ß-hemolítica, cuja penetração nas vias aéreas é feita por inalação e, ocasionalmente, por via oral. O agente é bastante resistente às condições ambientais, permanecendo viável nas excreções purulentas por várias semanas ou meses.
            Ao contrário do S. equi, subespécie zooepidermicus (S. zooepidermicus) e do S. equisimilis, o S. equi não faz parte da flora normal da cavidade nasal (Jubb et al., 1993).

Epidemiologia

            O garrotilho acomete eqüídeos de todas as idades, porém a freqüência é maior em animais jovens com menos de dois anos. A faixa etária de eqüinos acometidos pela doença variava de um mês a 25 anos. Os surtos ocorrem principalmente entre animais jovens mantidos em instalações com superlotação. A morbidade é alta, próxima de 100%, porém a mortalidade é baixa, cerca de 2 a 3%, quando as medidas terapêuticas apropriadas são adotadas em tempo hábil. Aproximadamente 70% dos animais afetados adquirem imunidade, embora alguns possam adoecer mais de uma vez. A resistência adquirida é devida, aparentemente, à ação de imunoglobulinas IgA e IgG produzidas localmente na nasofaringe.
            A transmissão de S. equi ocorre por contato direto entre animais sadios e doentes e pode dar-se também, indiretamente, por intermédio de tratadores ao lidarem com os animais nos estábulos, ou mesmo por fômites infectados. A contaminação de alimentos, cama, água, ar, utensílios de estábulos, sondas gástricas e endoscópios, além de insetos, podem participar como fontes de disseminação do agente. É importante lembrar que éguas em lactação podem apresentar mastite supurada, ocorre devido a contaminação no momento da mamada do potro infectado. Outros fatores como estresse, transporte, frio excessivo, agrupamento de animais, excesso de trabalho, infecções virais e parasitismo aumentam a susceptibilidade dos animais e podem precipitar a enfermidade em animais com infecções latentes.
            Os anticorpos anti-S. equi que passam para os potros via colostro, são secretados na mucosa nasofaríngea. Durante os três primeiros meses de vida do potro, estes anticorpos são encontrados nas mucosas oral e respiratória superior.

 


Patogenia

           Animais susceptíveis, infectados em condições naturais ou experimentais, incubam a doença, manifestando-a geralmente no período de quatro a oito dias.
            Após ter acesso à cavidade nasal e/ou oral, a bactéria adere e invade os epitélios da cavidade nasal, da orofaringe e das tonsilas, auxiliada por uma proteína de superfície
conhecida como proteína M. Além do mais, o S. equi mostra-se resistente à fagocitose.   A ineficácia dos neutrófilos em fagocitar e eliminar os microorganismos parece ser devida a ação combinada da proteína M com uma toxina liberada pelo S. equi e também com o ácido hialurônico contido na cápsula. Após a penetração na mucosa, o S. equi alcança os linfonodos regionais, por via linfática, dando início ao processo de abscedação. Ocorre intensa quimiotaxia de neutrófilos para a mucosa e para os linfonodos regionais. Além disso, o S. equi produz uma potente citotoxina que faz com que o microorganismo resista à digestão intracelular e cause degeneração rápida de neutrófilos.

Sinais clínicos

            Os animais apresentam febre súbita, podendo chegar a 41ºC, acompanhada de anorexia, depressão e corrimento nasal seroso, que no período de dois a três dias, torna-se purulento e/ou mucopurulento e de coloração amarelada. A descarga nasal normalmente é bilateral e abundante, freqüentemente acompanhada de espirros e tosse.             Existe evidência de dor na região da faringe, que é indicada pelo fato dos animais manterem a cabeça baixa e estendida. Mesmo com pouca freqüência, pode ocorrer concomitância de casos de conjuntivite catarral ou catarral-purulenta.
            Os linfonodos submandibulares e retrofaríngeos apresentam-se edemaciados, quentes e doloridos à palpação. Inicialmente apresentam-se firmes e, posteriormente, com o desenvolvimento da abscedação, tornam-se flutuantes e muito aumentados de volume, podendo ocorrer fistulação para o exterior. O aumento de volume excessivo dos linfonodos, associado às lesões das mucosas, pode impedir a mastigação, a deglutição e a respiração, levando à dispnéia e, com o agravamento do quadro, levar à morte do animal por asfixia.
            Em cavalos velhos, o curso tende a ser discreto e as lesões podem se restringir à rinite catarral e à faringite, sem abscedação dos linfonodos. Nos casos moderados, o curso clínico tem duração média de duas a quatro semanas e normalmente termina com a recuperação completa do animal.
            Entretanto, os casos graves podem persistir por até três meses. Durante esse período, ainda segundo os autores, os animais disseminam o agente pelas secreções nasais.
            A morte pode ocorrer como conseqüência da extensão da infecção para os órgãos vitais, bem como devido à púrpura hemorrágica ou à endocardite. Em potros, a ocorrência de septicemia por S. equi pode resultar em artrite, pneumonia e encefalite.

Diagnóstico

            É baseado nos achados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos. O diagnóstico definitivo é feito mediante a confirmação do S. equi por meio de isolamento do agente.     
            A coloração dos esfregaços do exsudato purulento pela coloração de Gram demonstra a presença de cadeias longas de 10 a 30 cocos de S. equi.
            O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças virais de eqüinos como
rinopneumonite viral eqüina, arterite viral eqüina e influenza eqüina, que apresentam quadro clínico semelhante ao de garrotilho. Entretanto, o aumento acentuado de linfonodos, bem como a abscedação destes, não ocorrem nessas doenças.
            Ocasionalmente, síndromes inespecíficas com descarga nasal purulenta, porém sem aumento de linfonodos, estão associadas com infecção por S. zoopidermicus.
            Uso de sorologia para identificar portadores de S. equi não tem viabilidade prática devido a variação nas respostas de títulos de anticorpos entre os indivíduos e ao declínio rápido pósinfecção.

Tratamento

            O tratamento deverá ser realizado de acordo com o estágio da doença. A decisão pelo uso de antibióticos irá depender da severidade dos sinais clínicos, do número e da idade dos animais afetados. A facilidade de administração, bem como o intervalo entre dosagens, deverão ser levados em consideração na escolha do antibiótico, principalmente quando há grande número de animais afetados. Os animais acometidos deverão ser isolados do plantel.
            A progressão da doença nos animais que apresentam sintomatologia da infecção por S. equi, porém sem abscedação dos linfonodos, pode ser inibida pelo uso de terapia com Penicilina G (15.000 UI/Kg p.v., de 12 em 12 h). Um plano adequado de dosagens deverá ser utilizado até que haja a remissão completa dos sinais clínicos. O monitoramento do fibrinogênio sérico pode auxiliar na decisão da interrupção do tratamento. A morbidade, em potros, pode ser diminuída com o uso de penicilina benzatínica (90.000 UI/IM, de 48 em 48 h, durante 21 dias). Outros antibióticos, tais como a oxitetraciclina, a  combinação sulfa + trimetropim, a eritromicina, embora apresentem menor eficiência, também poderão ser utilizados.
            Nos casos onde haja evidência de abscedação dos linfonodos, a administração de penicilina poderá retardar a progressão da lesão, daí porque é geralmente contra-indicada. Neste estágio, é preferível acelerar a maturação do abscesso, com aplicação local de compressas quentes, até que ocorra a ruptura espontânea ou seja drenado cirurgicamente. A região deverá ser lavada diariamente com soluções de iodo-povidine na concentração de 3 a 5%, até a resolução final do processo. Entretanto, quando o animal se apresenta anoréxico, febril, apático ou dispnéico, a administração de antibiótico é imprescindível.
            Se houver complicação do quadro, o tratamento de suporte deverá ser instituído, sendo a penicilina o antibiótico de escolha, cuja administração deverá ser feita por via endovenosa, de 6 em 6h. Os cuidados adicionais incluem a fluidoterapia, a alimentação enteral, via sonda nasogástrica, o uso de antiinflamatórios não esteroidais e, eventualmente, a traqueostomia.

Diagnóstico

            É baseado nos achados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos. O diagnóstico definitivo é feito mediante a confirmação do S. equi por meio de isolamento do agente. A coloração dos esfregaços do exsudato purulento pela coloração de Gram demonstra a presença de cadeias longas de 10 a 30 cocos de S. equi.
            O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças virais de eqüinos como
rinopneumonite viral eqüina, arterite viral eqüina e influenza eqüina, que apresentam quadro clínico semelhante ao de garrotilho. Entretanto, o aumento acentuado de linfonodos, bem como a abscedação destes, não ocorrem nessas doenças.
            Ocasionalmente, síndromes inespecíficas com descarga nasal purulenta, porém sem aumento de linfonodos, estão associadas com infecção por S. zoopidermicus.
            Uso de sorologia para identificar portadores de S. equi não tem viabilidade prática devido a variação nas respostas de títulos de anticorpos entre os indivíduos e ao declínio rápido pósinfecção.

Tratamento

            O tratamento deverá ser realizado de acordo com o estágio da doença. A decisão pelo uso de antibióticos irá depender da severidade dos sinais clínicos, do número e da idade dos animais afetados. A facilidade de administração, bem como o intervalo entre dosagens, deverão ser levados em consideração na escolha do antibiótico, principalmente quando há grande número de animais afetados. Os animais acometidos deverão ser isolados do plantel.
            A progressão da doença nos animais que apresentam sintomatologia da infecção por S. equi, porém sem abscedação dos linfonodos, pode ser inibida pelo uso de terapia com Penicilina G (15.000 UI/Kg p.v., de 12 em 12 h).
            Se houver complicação do quadro, o tratamento de suporte deverá ser instituído, sendo a penicilina o antibiótico de escolha, cuja administração deverá ser feita por via endovenosa, de 6 em 6h. Os cuidados adicionais incluem a fluidoterapia, a alimentação enteral, via sonda nasogástrica, o uso de antiinflamatórios não esteroidais e, eventualmente, a traqueostomia.



                                                                                                                   Cat Pinho