terça-feira, 19 de abril de 2011

Garrotilho

                        Garrotilho, ou adenite eqüina, é uma enfermidade infecciosa aguda ou subaguda dos eqüídeos. Sob o ponto de vista anatomopatológico, caracteriza-se por inflamação mucopurulenta das vias aéreas superiores, associada a linfadenite abscedativa, particularmente dos linfonodos submandibulares e retrofaríngeos.
            Trata-se de uma das primeiras doenças de eqüinos a serem descritas na literatura científica mundial, segundo Todd (1910). A importância militar do cavalo, bem como o seu papel no transporte, na agricultura e no lazer, despertaram o interesse dos pesquisadores no estudo e tratamento do garrotilho desde o início do século XIX.
            A enfermidade tem distribuição mundial, sendo causada pelo Streptococcus equi, subespécie equi (S. equi), bactéria gram-positiva ß-hemolítica, cuja penetração nas vias aéreas é feita por inalação e, ocasionalmente, por via oral. O agente é bastante resistente às condições ambientais, permanecendo viável nas excreções purulentas por várias semanas ou meses.
            Ao contrário do S. equi, subespécie zooepidermicus (S. zooepidermicus) e do S. equisimilis, o S. equi não faz parte da flora normal da cavidade nasal (Jubb et al., 1993).

Epidemiologia

            O garrotilho acomete eqüídeos de todas as idades, porém a freqüência é maior em animais jovens com menos de dois anos. A faixa etária de eqüinos acometidos pela doença variava de um mês a 25 anos. Os surtos ocorrem principalmente entre animais jovens mantidos em instalações com superlotação. A morbidade é alta, próxima de 100%, porém a mortalidade é baixa, cerca de 2 a 3%, quando as medidas terapêuticas apropriadas são adotadas em tempo hábil. Aproximadamente 70% dos animais afetados adquirem imunidade, embora alguns possam adoecer mais de uma vez. A resistência adquirida é devida, aparentemente, à ação de imunoglobulinas IgA e IgG produzidas localmente na nasofaringe.
            A transmissão de S. equi ocorre por contato direto entre animais sadios e doentes e pode dar-se também, indiretamente, por intermédio de tratadores ao lidarem com os animais nos estábulos, ou mesmo por fômites infectados. A contaminação de alimentos, cama, água, ar, utensílios de estábulos, sondas gástricas e endoscópios, além de insetos, podem participar como fontes de disseminação do agente. É importante lembrar que éguas em lactação podem apresentar mastite supurada, ocorre devido a contaminação no momento da mamada do potro infectado. Outros fatores como estresse, transporte, frio excessivo, agrupamento de animais, excesso de trabalho, infecções virais e parasitismo aumentam a susceptibilidade dos animais e podem precipitar a enfermidade em animais com infecções latentes.
            Os anticorpos anti-S. equi que passam para os potros via colostro, são secretados na mucosa nasofaríngea. Durante os três primeiros meses de vida do potro, estes anticorpos são encontrados nas mucosas oral e respiratória superior.

 


Patogenia

           Animais susceptíveis, infectados em condições naturais ou experimentais, incubam a doença, manifestando-a geralmente no período de quatro a oito dias.
            Após ter acesso à cavidade nasal e/ou oral, a bactéria adere e invade os epitélios da cavidade nasal, da orofaringe e das tonsilas, auxiliada por uma proteína de superfície
conhecida como proteína M. Além do mais, o S. equi mostra-se resistente à fagocitose.   A ineficácia dos neutrófilos em fagocitar e eliminar os microorganismos parece ser devida a ação combinada da proteína M com uma toxina liberada pelo S. equi e também com o ácido hialurônico contido na cápsula. Após a penetração na mucosa, o S. equi alcança os linfonodos regionais, por via linfática, dando início ao processo de abscedação. Ocorre intensa quimiotaxia de neutrófilos para a mucosa e para os linfonodos regionais. Além disso, o S. equi produz uma potente citotoxina que faz com que o microorganismo resista à digestão intracelular e cause degeneração rápida de neutrófilos.

Sinais clínicos

            Os animais apresentam febre súbita, podendo chegar a 41ºC, acompanhada de anorexia, depressão e corrimento nasal seroso, que no período de dois a três dias, torna-se purulento e/ou mucopurulento e de coloração amarelada. A descarga nasal normalmente é bilateral e abundante, freqüentemente acompanhada de espirros e tosse.             Existe evidência de dor na região da faringe, que é indicada pelo fato dos animais manterem a cabeça baixa e estendida. Mesmo com pouca freqüência, pode ocorrer concomitância de casos de conjuntivite catarral ou catarral-purulenta.
            Os linfonodos submandibulares e retrofaríngeos apresentam-se edemaciados, quentes e doloridos à palpação. Inicialmente apresentam-se firmes e, posteriormente, com o desenvolvimento da abscedação, tornam-se flutuantes e muito aumentados de volume, podendo ocorrer fistulação para o exterior. O aumento de volume excessivo dos linfonodos, associado às lesões das mucosas, pode impedir a mastigação, a deglutição e a respiração, levando à dispnéia e, com o agravamento do quadro, levar à morte do animal por asfixia.
            Em cavalos velhos, o curso tende a ser discreto e as lesões podem se restringir à rinite catarral e à faringite, sem abscedação dos linfonodos. Nos casos moderados, o curso clínico tem duração média de duas a quatro semanas e normalmente termina com a recuperação completa do animal.
            Entretanto, os casos graves podem persistir por até três meses. Durante esse período, ainda segundo os autores, os animais disseminam o agente pelas secreções nasais.
            A morte pode ocorrer como conseqüência da extensão da infecção para os órgãos vitais, bem como devido à púrpura hemorrágica ou à endocardite. Em potros, a ocorrência de septicemia por S. equi pode resultar em artrite, pneumonia e encefalite.

Diagnóstico

            É baseado nos achados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos. O diagnóstico definitivo é feito mediante a confirmação do S. equi por meio de isolamento do agente.     
            A coloração dos esfregaços do exsudato purulento pela coloração de Gram demonstra a presença de cadeias longas de 10 a 30 cocos de S. equi.
            O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças virais de eqüinos como
rinopneumonite viral eqüina, arterite viral eqüina e influenza eqüina, que apresentam quadro clínico semelhante ao de garrotilho. Entretanto, o aumento acentuado de linfonodos, bem como a abscedação destes, não ocorrem nessas doenças.
            Ocasionalmente, síndromes inespecíficas com descarga nasal purulenta, porém sem aumento de linfonodos, estão associadas com infecção por S. zoopidermicus.
            Uso de sorologia para identificar portadores de S. equi não tem viabilidade prática devido a variação nas respostas de títulos de anticorpos entre os indivíduos e ao declínio rápido pósinfecção.

Tratamento

            O tratamento deverá ser realizado de acordo com o estágio da doença. A decisão pelo uso de antibióticos irá depender da severidade dos sinais clínicos, do número e da idade dos animais afetados. A facilidade de administração, bem como o intervalo entre dosagens, deverão ser levados em consideração na escolha do antibiótico, principalmente quando há grande número de animais afetados. Os animais acometidos deverão ser isolados do plantel.
            A progressão da doença nos animais que apresentam sintomatologia da infecção por S. equi, porém sem abscedação dos linfonodos, pode ser inibida pelo uso de terapia com Penicilina G (15.000 UI/Kg p.v., de 12 em 12 h). Um plano adequado de dosagens deverá ser utilizado até que haja a remissão completa dos sinais clínicos. O monitoramento do fibrinogênio sérico pode auxiliar na decisão da interrupção do tratamento. A morbidade, em potros, pode ser diminuída com o uso de penicilina benzatínica (90.000 UI/IM, de 48 em 48 h, durante 21 dias). Outros antibióticos, tais como a oxitetraciclina, a  combinação sulfa + trimetropim, a eritromicina, embora apresentem menor eficiência, também poderão ser utilizados.
            Nos casos onde haja evidência de abscedação dos linfonodos, a administração de penicilina poderá retardar a progressão da lesão, daí porque é geralmente contra-indicada. Neste estágio, é preferível acelerar a maturação do abscesso, com aplicação local de compressas quentes, até que ocorra a ruptura espontânea ou seja drenado cirurgicamente. A região deverá ser lavada diariamente com soluções de iodo-povidine na concentração de 3 a 5%, até a resolução final do processo. Entretanto, quando o animal se apresenta anoréxico, febril, apático ou dispnéico, a administração de antibiótico é imprescindível.
            Se houver complicação do quadro, o tratamento de suporte deverá ser instituído, sendo a penicilina o antibiótico de escolha, cuja administração deverá ser feita por via endovenosa, de 6 em 6h. Os cuidados adicionais incluem a fluidoterapia, a alimentação enteral, via sonda nasogástrica, o uso de antiinflamatórios não esteroidais e, eventualmente, a traqueostomia.

Diagnóstico

            É baseado nos achados epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos. O diagnóstico definitivo é feito mediante a confirmação do S. equi por meio de isolamento do agente. A coloração dos esfregaços do exsudato purulento pela coloração de Gram demonstra a presença de cadeias longas de 10 a 30 cocos de S. equi.
            O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças virais de eqüinos como
rinopneumonite viral eqüina, arterite viral eqüina e influenza eqüina, que apresentam quadro clínico semelhante ao de garrotilho. Entretanto, o aumento acentuado de linfonodos, bem como a abscedação destes, não ocorrem nessas doenças.
            Ocasionalmente, síndromes inespecíficas com descarga nasal purulenta, porém sem aumento de linfonodos, estão associadas com infecção por S. zoopidermicus.
            Uso de sorologia para identificar portadores de S. equi não tem viabilidade prática devido a variação nas respostas de títulos de anticorpos entre os indivíduos e ao declínio rápido pósinfecção.

Tratamento

            O tratamento deverá ser realizado de acordo com o estágio da doença. A decisão pelo uso de antibióticos irá depender da severidade dos sinais clínicos, do número e da idade dos animais afetados. A facilidade de administração, bem como o intervalo entre dosagens, deverão ser levados em consideração na escolha do antibiótico, principalmente quando há grande número de animais afetados. Os animais acometidos deverão ser isolados do plantel.
            A progressão da doença nos animais que apresentam sintomatologia da infecção por S. equi, porém sem abscedação dos linfonodos, pode ser inibida pelo uso de terapia com Penicilina G (15.000 UI/Kg p.v., de 12 em 12 h).
            Se houver complicação do quadro, o tratamento de suporte deverá ser instituído, sendo a penicilina o antibiótico de escolha, cuja administração deverá ser feita por via endovenosa, de 6 em 6h. Os cuidados adicionais incluem a fluidoterapia, a alimentação enteral, via sonda nasogástrica, o uso de antiinflamatórios não esteroidais e, eventualmente, a traqueostomia.



                                                                                                                   Cat Pinho

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