O Brasil finalmente vai ganhar um laboratório
destinado a evitar o sacrifício de animais nas pesquisas científicas. Hoje já
existem várias técnicas que evitam o sacrifício a cada teste de uma molécula ou
de um candidato a medicamento.
Se o estágio atual da tecnologia ainda não eliminou
totalmente os testes com animais, isto se deve em grande parte à falta de
interesse de muitos cientistas em encontrar alternativas, uma vez que
sacrificar e torturar um animal é muito mais cômodo e rápido.
Alternativa ética
É claro que vários grupos de pesquisadores já se
dedicam ao tema, sendo eles os grandes responsáveis pelo desenvolvimento das
novas técnicas já disponíveis.
Mas esses cientistas mais éticos nunca tiveram seus
esforços totalmente recompensados pela falta de apoio para que os testes
alternativos fossem validados e aceitos.
O novo Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam)
é o primeiro esforço coordenado feito no Brasil com essa finalidade.
O Bracvam vai se dedicar inteiramente ao
desenvolvimento de métodos alternativos para a validação de pesquisas que não
utilizem animais na fase de testes.
O Centro será instalado pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), através do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
(INCQS), com a colaboração da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
“De maneira organizada, vamos trabalhar os dados e
organizar grupos de pesquisas para que novas metodologias sejam fomentadas e
passem a ser métodos oficiais,” afirmou Isabela Delgado, pesquisadora do INCQS.
Ciência sem sacrifício de animais
Vários países já proíbem não apenas o sacrifício dos
animais, mas também a produção e a importação de produtos desenvolvidos com
testes em cobaias.
Ao lado da questão ética do sofrimento das cobaias,
as pesquisas que utilizam animais são vistas como menos refinadas do ponto de
vista técnico científico.
Já se sabe, por exemplo, que os experimentos com
animais não levam em conta aspectos caracteristicamente humanos das doenças,
como os componentes cognitivos e emocionais envolvidos.
Há poucos dias, uma equipe demonstrou que os
camundongos utilizados nas pesquisas sobre doenças do coração não representam
um modelo adequado para as doenças cardíacas humanas – o que funciona no
coração do camundongo não funciona no coração humano.
Ao lado disso, já há uma grande preocupação dentro da
própria comunidade científica sobre a possibilidade da criação de quimeras,
criaturas híbridas humano-animais.
“Buscamos mais avanço técnico, resultados mais
confiáveis, menos susceptíveis a erros, de menor custo e de mais fácil difusão
em outros países,” disse Isabella. “Encontramos 14 pesquisas de métodos
alternativos no país e nossa ideia é reunirmos essa capacitação, pesquisarmos
juntos.”
Validação de métodos alternativos
Segundo Eduardo Leal, também do INCQS, universidades
públicas brasileiras e centros de produção de vacinas, como o Instituto
Butantan e o Adolph Lutz, têm estudos para validação de métodos alternativos.
Mas, segundo ele, a participação da Anvisa é crucial
para que essas novas metodologias sejam validadas e aceitas na regulamentação
dos produtos.
A União Europeia proíbe desde 2004 a utilização de
cobaias em linhas de desenvolvimento de artigos direcionados ao mercado da
beleza.
Preocupados com essa tendência, algumas indústrias no
Brasil também têm investido para abolir teste com animais na produção de
cosméticos.
Com informações do Diário da Saúde
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