sábado, 18 de junho de 2011

Associar toxoplasmose a gatos é erro comum

            A doença que provoca deformação do feto é motivo de preocupação, porém, o assunto deve ser tratado com atenção para não fomentar informações equivocadas. É o que alerta a médica veterinária e especialista em segurança alimentar e bacteriologia Cynthia Rubião, que ressalta que associar a doença aos gatos é um erro comum e, muitas vezes, prejudica a verdadeira prevenção da enfermidade. “O principal transmissor da toxoplasmose é a carne crua ou a água, assim como vegetais e frutas lavadas com água contaminada pelo parasita. Portanto, ninguém precisa se desfazer do gato, pois não há riscos se houver higiene e consumo correto dos alimentos”, garante. Ainda segundo a especialista, os gatos só defecam, uma vez na vida, os ovos do protozoário que causa a toxoplasmose. “A exposição do protozoário ocorre somente na primeira semana de contaminação e depois os felinos não voltam mais a eliminar os parasitas”, explica.
            Segundo estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 95% da população já teve contato com o protozoário da toxoplasmose, mas apenas 10% foi infectada. Para evitar o contágio do parasita, também é necessário cozinhar bem os alimentos; ter o controle de pragas como moscas, baratas e ratos – pois são insetos que comem fezes; beber água potável; servir somente água filtrada e alimentos cozidos ao gato; fazer a limpeza da caixa higiênica do felino com água fervente.
            Cynthia também completa que os felinos têm como característica os cuidados com a limpeza, o que torna raro a contaminação do pelo do animal. Porém, é necessário que as gestantes, crianças e pessoas com baixa imunidade evitem o manuseio das fezes. “Deve ser rotina do tutor do animal que use luvas ao limpar a caixa de areia do gato e lave bem as mãos posteriormente. Para maior segurança, façam uso de lenços umedecidos e banhos semanais nos gatos”, aconselha Cynthia.
            A especialista apenas adverte para que grávidas evitem o contato com gatos de rua, durante o período gestacional, para evitar, principalmente, o contágio de doenças como a raiva. “É mais comum uma gestante ser infectada por problemas causados por arranhões ou mordidas do que pela toxoplasmose”, enfatiza.
Mitos e verdades sobre a toxoplasmose:

Mito: O gato é o principal transmissor da toxoplasmose.
Verdade: É a ingestão de alimentos contaminados, como carne mal-cozida, água e alimentos crus, que transmitem a doença.
Mito: Mulheres grávidas não podem ter contato com gatos.
Verdade: Mulheres grávidas podem ter contato com gatos, sendo este mais seguro se elas já tiverem tido contato anterior com a doença e tiverem desenvolvido imunidade duradoura (IgG + e IgM-).
Mito: Qualquer gato pode desenvolver toxoplasmose.
Verdade: Gatos nascidos e criados em apartamento, que não se alimentam de caça (pragas) e nem ingerem água ou alimentos possivelmente contaminados, não correm o risco de contaminar o ambiente com os oocistos infectantes.
Mito: Fezes dos gatos contêm o protozoário transmissor da toxoplasmose.
Verdade: Fezes frescas de gatos (tempo inferior a 24h) não contêm oocistos infectantes.
Mito: Material de limpeza acaba com a contaminação por toxoplasmose.
Verdade: Os oocistos são extremamente resistentes a desinfetantes, congelamento e ressecamento, mas são destruídos por aquecimento a 70o C por 10 minutos.
Mito: Não há nada que se pode fazer para evitar que o gato elimine os ovos do protozoário.
Verdade: Tratamentos com antibióticos adequados reduzem a eliminação destes oocistos pelos gatos e ainda há estudos de vacinas para este fim.

                                                                                                     Por: Cat Pinho

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